O Evangelista Lucas faz uma exposição após “acurada investigação” (Lc 1:3) com a finalidade de fortalecer as convicções das verdades que temos aprendido com Jesus (1:4) e dos fatos que se realizaram (1:1), ficando claro que o Evangelho é o Poder de Deus, trata-se de uma mensagem transformadora e não mero assentimento intelectual.
Mateus apresenta Jesus como Rei, Marcos aponta Jesus como Servo e agora Lucas vai nos mostrar Jesus como o Homem perfeito. Lucas relata de forma gloriosa o nascimento do Salvador, com riqueza de detalhes e ressalta nos detalhes de seu escrito a humanidade de Cristo.
Lucas relata que Jesus está em sua caminhada firme em direção a Jerusalém (9:51) “... ao se completarem os dias que devia ser assunto ao céu...” É nesse contexto que quero destacar a perícope do capítulo 12 do evangelho de Lucas, versos de 13-21.
A narrativa aponta um homem que está com um problema familiar, ele quer a qualquer custo a sua parte da herança. Sobre Jesus nesse episódio Halley (1994) afirma: “Ele não tentava se intrometer nos negócios de ninguém”.
O que será que ocorreu naquela família? Será que aquele filho era rebelde e perdeu a sua herança? Isso não era algo comum em Israel. Será que era o filho mais novo achando-se injustiçado por seu irmão mais velho ter recebido porção dobrada? É algo provável, mas não temos como confirmar.
Jesus foi procurado por ser considerado um rabi, naquele contexto era comum os “mestres” intermediarem demandas jurídicas. O fato é que estamos diante de uma família que estava talvez ainda de luto pela dor da perda do pai. Em lugar de unidade dos irmãos para assistir a mãe e suas irmãs, o que vemos é um litigio motivado pela avareza.
Nesse interim, o mestre Jesus entra em ação com sua pedagogia transformadora. Conta-lhe uma parábola que agita a alma de qualquer ouvinte. Um homem rico que quer ser ainda mais rico e vai CONSTRUIR maiores celeiros. Para além de ter dinheiro, aquele homem também é doido, ele fala consigo mesmo “... direi à minha alma: (...) descansa, come, bebe e regala-te”. Eis aqui o grande problema que Jesus identificou naquela pobre alma: vv 15 “Então, (JESUS) lhes recomendou: Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui”. (grifo nosso).
Comentando sobre a cultura e os valore do Reino de Deus, que devem ser cultivados na vida do cristão, John Stott afirma que:
Cristo modifica especialmente a nossa atitude para com a riqueza e os bens materiais. É impossível adorar a Deus e ao dinheiro; temos de escolher um dos dois. As pessoas do mundo estão preocupadas com a busca do alimento, da bebida e do vestuário. Os cristãos devem ficar livres destas ansiedades materiais ego-centralizadas e, em lugar disso, devem dedicar-se à expansão do governo e da justiça de Deus. É o mesmo que dizer que a nossa ambição suprema deve ser a glória de Deus e não a nossa própria glória, nem mesmo o nosso próprio bem-estar material. É uma questão do que buscamos "em primeiro lugar". (Stott, 1981, p.12.)
Viver em novidade de vida inclui ter uma relação saudável com as finanças e com as tentações que vamos lutar neste mundo. Precisamos clamar a Deus para que o seu Reino seja prioridade em nossos corações e decisões diárias.
Penso que estamos vivenciando uma geração adoecida e esse texto nos aponta algumas características dessa nossa geração: Homem rico querendo ficar mais rico (geração egoísta) “reconstruí-los-ei maiores”; Homem consultando a si mesmo (geração que não quer ouvir ninguém) “E arrazoava consigo mesmo”; Homem respondendo a si mesmo (geração que guia a si mesmo) “Farei isto:”; Homem querendo suprir a si mesmo (geração autosuficiente) “bens para muitos anos”; Homem que serve a si mesmo (geração individualista) “descansa, come, bebe e regala-te” e Homem que ignora a Deus (geração ególatra) “Mas Deus lhe disse: ... e o que tens preparado, para quem será?
E agora, quem poderá nos salvar?
Pode crer que não será o Chapolin, as palavras dos versos 32-34 são consoladoras:
“Não temais, ó pequenino rebanho; porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino. 33 Vendei os vossos bens e dai esmola; fazei para vós outros bolsas que não desgastem, tesouro inextinguível nos céus, onde não chega o ladrão, nem a traça consome, 34 porque, onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração”. Lucas 12:32-34
O Reino não é comprado, foi-nos dado. Nosso coração precisa estar no lugar certo, escondido em Jesus. Diante disso algumas atitudes devem ser tomadas por aqueles que desejam viver em novidade de vida:
Em primeiro lugar não busque a Jesus com interesses meramente materiais, aquele jovem só queria resolver seu problema financeiro, nada mais. Em segundo lugar tenha cuidado com autosufiência, todos nós lutamos com isso em nosso coração. Sabe aquela aposta na mega da virada? Quando achamos que vamos ter todos nossos problemas resolvidos com os milhões rendendo a cada mês, isso povoa a mente dos homens sem Deus.
Em terceiro lugar, confie seu futuro exclusivamente a Deus, não creia em si mesmo, busque ser fiel ao Senhor e Ele há de fazer coisas novas em sua vida e família. A quarta lição é que não devemos querer granjear riquezas tão somente para atender a nossa vida, não podemos querer tão somente descanso para nossa alma, viva de forma generosa e se importe com o outro que está perto de você. E por fim esteja pronto para o dia do acerto, pois pode ser que esta noite pedirão a sua alma, para quem tens preparado?
Que o Eterno nos ajude!
Rev. Alexsandro Silva, esposo de Geisa, pai de Alan Gabriel (9) e Alef Gustavo (3), pastor da IEC Vitória da Conquista.
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Referências:
Bíblia – Revista e Atualizada
Manual Bíblico de Halley
Comentário de Champlin
Contracultura Cristã (Stott)
